Junho é um mês de grande representatividade para o estado de Minas Gerais, pois é o mês marcado pelas populares festividades juninas. Tradições de fé, devoção, alegria e união.
As festas juninas são manifestações vindas da Europa e foram trazidas ao Brasil pelos portugueses. Em sua origem eram festividades pagãs, onde os povos comemoravam o solstício de verão, celebravam a fertilidade e pediam por boas colheitas.
Com a expansão do Cristianismo no continente, a Igreja Católica apropriou-se dessas celebrações, e então os santos do catolicismo começaram a fazer parte dos rituais. São três os santos celebrados no mês de Junho: Santo Antônio, São João Batista e São Sebastião. Dos três, o mais popular entre as festas juninas é São João. Há versões da história que contam que antes, em Portugal, as festas eram chamadas “Joaninas”, em homenagem a ele.
Segundo o pesquisador de culturas populares Alberto Tsuyoshi Ikeda, “As origens são mesmo as antigas festas pagãs das antigas civilizações, ligadas aos ciclos da natureza, às estações do ano. Sociedades antigas realizavam grandes festividades, com durações longas, até de um mês, sobretudo nos períodos de plantio e de colheita”. “Os grupos humanos realizavam grandes festividades dedicadas à própria natureza, muitas vezes rendendo homenagens aos antigos deuses relacionados à natureza, à vida animal, à vida vegetal de um modo geral. Eram festas comunitárias com muita alegria, muita alimentação e reunião de pessoas em grande número: foi o que deu origem às festas juninas que a gente conhece no Brasil e em outras partes do mundo.”
Festa Junina – década de 70 / Foto: Grupo Facebook Nossa Itamogi, enviada por Eduardo Marques
Reza do Terço – Itamogi atual / Foto: Rodrigo Pariz
Estas comemorações chegaram ao Brasil através dos portugueses e foram difundidas pelos jesuítas. Aqui, as festas encontraram um mês de junho marcado por um trabalho agrícola intenso e importantes colheitas, sendo facilmente incorporadas à cultura popular e, com o passar dos anos, assumiram uma identidade própria. Os pratos típicos principais são todos a base de milho, grão colhido no mês de junho: pamonha, curau de milho verde, milho cozido, canjica, cuscuz, pipoca.
Reza do Terço – Itamogi atual / Foto: Rodrigo Pariz
Em Minas Gerais também são muito populares as quermesses, que são festas juninas acrescidas de outros elementos, como barracas de brincadeiras, bingo e o leilão de prendas.
Outro ritual, menos comum, mas ainda muito presente no interior, inclusive em Itamogi, é a Reza do Terço. Nesta celebração, as pessoas se reúnem para rezar juntas o terço e após a oração são oferecidas as quitandas, fechando a celebração.
Reza do Terço – Itamogi atual / Foto: Eduardo Marques
Reza do Terço – Itamogi atual / Foto: Eduardo Marques
Em todas estas manifestações encontramos elementos representativos e identitários das festas juninas: as roupas e comidas típicas, a quadrilha, o mastro que leva a bandeira do santo, as bandeirinhas e a fogueira.
Cada um destes elementos possuem um significado e uma origem. As vestimentas fazem referências às roupas usadas pelos camponeses portugueses e pela população da zona rural no Brasil. A quadrilha descende de uma dança francesa que foi trazida ao Brasil pela elite Portuguesa e que, com o tempo, ganhou espaço nas camadas mais populares. A fogueira, ícone da celebração, já era presente nos rituais pagãos e tinha como finalidade espantar os maus espíritos. Com a catolicização da festa a fogueira ganhou novo significado, sendo atribuída ao anúncio do nascimento de São João.
Fogueira / Foto: Renata Costa
Mastro de São Pedro / Foto: Renata Costa
As quadrilhas, quermesses e terços são manifestações que contam um pouco de nossa história, uma história que surgiu a partir da colonização do Brasil e da união da culturas dos povos.
“Itamogi é rico em tradições e as preserva… Os mastros enfeitados com flores do campo, fitas e limões, encimados pelos santos São João, São Pedro e Santo Antônio são tradições que perduram em alguns locais. Na zona rural as referidas festas representavam um acontecimento esperado por toda a comunidade. O ritualismo da Igreja Católica sempre incluiu essas manifestações comunitárias, além de homenagear os santos padroeiros também com promessas, procissões e as tradicionais fogueiras, de grandes proporções…” (GUIMARÃES, TEREZINHA BARBOSA; 2010, p. 250)
Belo post, compartilhei com meus amigos.