Em 1854 foi inaugurada a primeira ferrovia do Brasil, construída por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. O trecho saía da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e seguia em direção à Petrópolis, e contou com a presença de Dom Pedro II na sua inauguração.
Até a chegada das ferrovias no Brasil, o transporte de mercadorias era feito no lombo dos burros e cavalos que eram conduzidos pelos tropeiros. Anualmente, chegavam ao porto de Santos cerca de 200 mil animais carregados com café e outros produtos agrícolas.
A implantação das ferrovias no Sudeste, principalmente em São Paulo e Minas Gerais, está ligada à expansão da cafeicultura que proporcionou a formação de uma verdadeira rede de captação de café em direção ao Porto de Santos.
Fundada por produtores de café em 1872, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro inaugurou seu primeiro trecho, Campinas – Jaguariúna, em 1875. Anos depois, chegou a Ribeirão Preto estendendo um ramal para leste, região conhecida como Alta Mogiana. Logo, adquiriu pequenas ferrovias, expandiu seus ramais no norte do estado de São Paulo e adentrou na região sul de Minas Gerais. Os ramais que chegavam aos pequenos vilarejos foram chamados “cata-café”.
Os nomes da estação foram alterados seguindo os nomes que a cidade recebia. Inicialmente, o povoado recebeu o nome de Posses, quando ainda era distrito de Monte Santo de Minas. Em 1923, quando foi elevado a município, recebeu o nome de Arary, e vinte anos depois, denominou-se definitivamente Itamogi.
A Mogiana adotava estilo industrial europeu em suas edificações, executadas em alvenaria aparente com tijolos. Nas plataformas das estações eram usados madeira ou ferro, e as pontes eram feitas em pedras ou estruturas metálicas. As construções eram simples mas modernas, e o rigor técnico da Companhia ficava evidenciado nos discretos elementos decorativos das construções.
O ramal de Guaxupé – Passos teve seu primeiro trecho, que ligava Guaxupé a Guaranésia, inaugurado em 1912. A estação de Itamogi foi inaugurada em 1913 com o nome de Posses. Um ano depois, inaugurou-se também a estação de Tapir, no bairro rural de mesmo nome, dando continuidade à construção do ramal. Próximo a esta estação, o Rio Tomba Perna atravessava o percurso da estrada de ferro, onde então foi construída uma ponte de pedra com três arcos, sobre a qual a linha pode continuar seu caminho.
A partir da década de 60, as ferrovias começaram a perder espaço, ficando sucateadas por falta de investimentos em manutenção. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento rodoviário vai se tornando cada vez mais importante, e os caminhões chegam ao Brasil com o atrativo de exigirem menos investimentos.
Em 1971, foi criada a FEPASA – Ferrovia Paulista S.A., constituída pela unificação das empresas de transporte ferroviário do estado de São Paulo. Em 1977, o tráfego de passageiros foi eliminado, mantendo-se apenas o transporte de cargas, que com o tempo, passaram a atender na região, somente ao carregamento de cimento da fábrica de Itaú de Minas. Anos depois, a linha foi completamente desativada, tendo seus trilhos retirados por volta dos anos 90.
“A Mogiana é uma das lembranças mais importantes da vida de Itamogi, porque ajudou a transportar riquezas do nosso município para outras cidades, em contrapartida tinha divisas para incrementar o progresso da cidade. Carregava também de outras cidades, mercadorias para cá, estocando o comércio para suprir a população em suas necessidades, como tecidos, sal, arames e mais um montão de mercadorias. Foi também um meio de transporte de passageiros muito importante. Servia um grande número de cidades da região e tinha estações intermediárias, comoVicente Carvalhaes, Tapir, Ipomeia, etc.” (SANTOS; JOSÉ BARBOSA DOS, 2003, p.34)
Hoje, a Estação de Itamogi, é um bem tombado e abriga a Casa da Cultura Maestro Nino Delcatti, local destinado ao fomento de atividades culturais e artísticas.